terça-feira, 30 de junho de 2015

Butterfly Effect

Aí há uns anos trabalhei, como reforço de Verão, num determinado local. Gostei de tudo. Do emprego, da equipa, do salário e do horário. O Verão acabou e eu fui, de subsídio de desemprego, à minha vidinha. Arranjei emprego 15 dias depois. Um record até para mim, que sou esforçada no que diz respeito à procura de emprego. O emprego era similar, numa empresa concorrente, gostava do que fazia, gostava do horário e gostava do salário. Da equipa, mais ou menos. Até que chegou o dia em que me ligaram do outro emprego, aquele em que eu tinha estado. Era para fazer um estágio, possibilidades de efectivar muito fortes no final do mesmo, diziam eles, mas o salário era bastante menor. Informo a minha nova entidade patronal que tinha recebido outra oferta e que portanto me iria fazer à vida. Que gostava muito, sim senhor, mas lá ia eu. E então dizem-me que não, que aguardasse. Falam lá com os manda chuvas e dizem que me vão aumentar o salário, eu que não me vá embora, que me passam a efectiva em 6 meses. Mas eu já estava com a ideia fisgada no outro. E ao contrário do que dizia o meu marido, lá fui eu, ganhar 400€ (brutos) a menos, porque sim senhora, eu gostava mais do outro emprego.
Mas depois veio o resgate da Troika. E a efectividade que era certa, certinha, esfumou-se. E vim embora, sem sequer ter direito a subsídio de desemprego, porque o regime de estágio nessa empresa não obrigava a descontos para a Segurança Social.
Chorei 2 semanas. Só em apetecia meter-me num buraco. Todas as promessas em que tinha acreditado, foram-se. Soube que a pessoa que tinham contratado para me substituir lá na outra segunda empresa, efectivou. Hoje ainda continua lá, e ganha sensivelmente o dobro do que eu ganho actualmente.

Os anos passam e eu ainda penso nisso. Como seria a minha vida se lá tivesse ficado. Certamente teria um salário e ordenado melhores.
E arrependo-me até ao tutano.
E porque penso nisto? Porque quando disse, na minha empresa actual, que estava grávida, perguntei se isso iria condicionar o meu percurso profissional. Asseguraram-me que não, que o mesmo, só dependeria das minhas avaliações de desempenho. Como tinha andado a enviar cv's para tudo o que era sítio para fugir aquele emprego maravilhoso que tive onde nem recebia a tempo e horas o que me era devido (os leitores mais antigos devem lembrar-se das peripécias do meu anterior emprego, que se revelou mais uma excelente decisão profissional...), durante muito tempo recebi chamadas para entrevistas. Recusei sempre, algumas até ofertas firmadas, pois tinha sido referenciada por pessoas do sector. Sempre para ganhar ligeiramente mais. Nada de muito transcendente, nem de relevo, mas mais. Mas eu, grávida e de bem com a empresa, deixei-me ficar quietinha. Não ia agora mudar, cometer o mesmo erro outra vez. Ora, entretanto, o ano de trabalho acabou e as avaliações de desempenho sustentam a minha subida de escalão. Só que agora vêm-me com a conversa de que se calhar não há vagas para todos, e que eu, apesar de ter melhores avaliações do que alguns colegas, estive grávida e estou de licença, por isso há que dar primazia a colegas que estão na empresa há mais tempo e não estão de licença.
E eu penso na minha vida. Como seria se nunca tivesse mudado. Se estaria hoje mais feliz profissionalmente. E queria ter o poder de voltar atrás e corrigir aquela decisão, dizer que sim senhor, que aceitava ficar e receber mais, que gostava muito e agradecia a oportunidade.
Gostava de poder ter horário para sair, sobretudo agora, que tenho quem dependa de mim.

E penso que faça eu o que fizer, parece que as minhas escolhas profissionais são sempre as erradas.

4 comentários:

maria disse...

Ó pá, cada tiro, cada melro! Para a próxima pede conselho a alguém, porque está visto que não tens grande faro para tomar as melhores decisões a nível profissional.

Jovem $0nhador@ disse...

A vida é feita de escolhas, boas ou más são as que tomamos no momento e achamos mais corretas! Não penses tanto no que podias ter feito, pensa mais no que podes mudar agora! Força!

PT disse...

As tuas escolhas profissionais podem ter sido pouco afortunadas, mas no relato encontro duas coisas muito importantes que te enriquecem tanto que nem imaginas como: a primeira, é que tens trabalho. Seria pior não o ter. A segunda é que toda essa precariedade não te impediu de formar família.

Portanto, estás presa a uma má decisão (percebo bem) mas não devias. Porque até agora, parece-me que tudo te corre favoravelmente. Um dia vais percebê-lo.

Anónimo disse...

Decidir deixar o tal emprego que não pagava a horas e ainda pediam-lhe para lavar o chão ( sim, recordo-me da história da esfregona) foi uma decisão muitíssimo acertada!!!!!
Ana.